Carlos Alberto Lopes

sexta-feira, junho 29

O RAIO ATRAZADO

O relógio da Matriz marcava: 11:45 minutos, daquele dia de sol quente e mormaço assustador, que fazia até o Senhor Vigário vir à porta da Sacristia e, numa atitude inesperada, levantar a batina, procurando, com isso, se refrescar um pouco...
Do Colégio Público, que se fazia majestoso no alto do morro, começou a sair a "Manada Estudantil", apelido que dera o Senhor Vigário àquele mar de jovens, que quando faltava um quarto para o meio dia, dos chamados dias úteis da semana, descia a ladeira do Colégio, em conversas intermináveis e brincadeiras, nem sempre divertidas, aos olhos do Senhor Vigário, pois não raro resolviam jogar barro nas batinas do Padre, que descansavam no varal, para esquentarem um pouco, entre a missa da manhã e a oração da noite, coisa que já havia até se tornado ponto principal da homilia de um dos domingos anteriores, coisa que acabou fazendo a nave da Igreja ser palco de uma gargalhada geral, visto que a missa das dez, é a mais freqüentada pela "manada estudantil".
Mas naquele dia, mal a "Manada" terminou de descer o morro do Colégio, o céu escureceu de repente, e um raio cortou o espaço, atingindo o velho Colégio Municipal, fazendo em pedaços boa parte de sua velha estrutura, que há muito pedia uma boa reforma!
Saíram feridos do episódio, oito dos funcionários da limpeza, a velha Diretora, com um grande corte na cabeça, e dois estudantes do último ano, que estavam realizando uma pesquisa na Biblioteca!
Ao saber do ocorrido, o velho Padre, ajoelhou-se frente ao altar e, comovido, disse:
_"Obrigado, Senhor, por haver permitido que aquele raio chegasse atrasado para a aula...

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